Tempo de solitude!

Estive meio nostálgica depois da experiência na Polônia. Estar fora do meu país realmente é uma experiência interessante. Muitas vezes me sentia como um bebê, meia incompreendida, mas feliz por estar vivenciando tantas coisas novas, desdes os mais singelos atos, ao caminhar, ao conversar, ao trocar dinheiro, ao adaptar-se ao fuso horário. Tudo era novidade! Ao olhar as fotos me vinha a mente tudo que vivenciei, os amigos que fiz, a tentativa de falar portuñol, a tentativa de expressar-me em inglês, o cansaço, o medo, a confiança, os sorrisos, as companhias, as diferenças, o partir do pão na ceia, as culturas, a paciência das pessoas, a gentiliza dos estudantes poloneses anfitriões do evento, as conversas do coração, a música, a invasão dos latinos a uma casa de café, a viagem pós polônia.... eu não pararia por aqui!
Foi lindo passar o aniversário na Polônia. Os amigos brasileiros cantaram "parabéns" pra mim na virada do dia, sai com um grupo grande de latinos de vários países, e na tentativa de fazer amigos até constrangi um amigo que descobriu que eu estava fazendo aniversário naquele dia. No entardecer do dia eu estava na praça central de Cracóvia observando os turistas, os pombos e as crianças, e sentir o vento e o clima daquele lugar foi totalmente nostálgico, só tinha que agradecer a Deus pelos lugares que eu estava caminhando.
O mais complicado foi tentar compartilhar tudo isso ao chegar em casa. Eu sabia que para conseguir digerir tudo, me custaria tempo. Minha sensação é que eu precisava aprender mais, muito mais! Despertei mais meu espírito de aprendiz. Eu precisava parar, parar para me escutar e entender o que eu deveria aprender. Foi um tempo inesquecível!
Depois da minha dedicação em tentar compartilhar o que estive aprendendo, passei a me dedicar integralmente a projeto de monografia. Foi muito difícil encontrar um tema que eu gostasse e que eu achasse que realmente fosse relevante para minha profissão e para o Reino.
Muita coisa do meu curso não fiz com tanta disposição como eu deveria fazer, mas sabia que a monografia era algo tão único que deveria ser do meu jeito. Estudando, encontrei um assunto interessante sobre "Redes", me aprofundei bastante no assunto e me apaixonei! Totalmente atípico, instigante, desafiador, mas empolgante e atual! Estudei a teoria de redes, li livros, muito artigos e vi vídeos, mas durante todo o desenvolvimento me sentia em meio a uma selva, onde eu deveria desvendar caminhos, passar por alguns lugares várias vezes para entender os caminhos e mapear o lugar.
Me senti muito só durante esse caminho, até entender que meu estudo se encaixava em uma experiência anterior, uma campanha de combate a corrupção "O que você tem a ver com a corrupção?" que foi desenvolvida pelo Ministério Público, essa experiência foi fantástica! Os promotores que tomaram a frente da campanha tem uma visão que poucos cristãos tem. Assim fiz o estudo de caso da campanha.
Na mesma época em que eu intensifiquei o estudo, eu perdi o emprego no estágio que fazia pela universidade. O estágio me garantia algum dinheiro e financiava boa parte das minhas viagens da ABU. Perder o estágio ao mesmo tempo me ajudou a dispor mais tempo para a monografia, e a entender meu tempo de solitude.
Esse foi o tempo de estar só, de ter solitude e de aprender a estar concentrada. Bem, o resultado desse tempo foi um grande exercício de estar em silêncio, mais quieta, e de estar mais disposta para concentrar-me nos estudos e na reflexão. Esse tempo realmente foi importante. Trouxe a tona muitos questionamentos, não somente por causa do fim do curso,de uma etapa de escolhas sobre como eu iria prosseguir minha vida após a universidade, mas também de como eu estava dirigindo minha vida, e de que forma eu estava nutrindo minhas raízes nesse tempo de preparação e de que forma eu deveria me preparar. Foi doloroso, mas pude encarar meus medos, meus defeitos, meus pecados, meus temores.
Descobri ainda que somos mais capazes do que imaginamos quando nos propomos a viver uma vida pelo Reino de Deus, que o esforço é recompensador quando canalizamos para o propósito certo! E que mesmo que pareça que estamos na contra-mão de tudo, mas quando temos a convicção sobre a maneira que queremos viver e nos concentramos no propósito do nosso chamado maior, lutando incansavelmente, enxergaremos os bons frutos na frente.

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